terça-feira, 15 de dezembro de 2009

LACUNA


Tem o honroso silêncio
de um instrumento abandonado
sobre os móveis esquecidos
no desespero que exala
dessas casas em ruínas
rentes paredes despidas
parecem se desfazer
lustres cobertos de pó
sem resíduo algum de luz
grossas portas a desmanchar
Sem razão, aberta a janela:
vidraças despedaçadas
disperso nessa penumbra
um mal serenamente cálido
se alimenta e refugia
à sombra do que outro dia
foi uma sala de visitas
nalgum lugar da memória
alguém me serve o chá
que ao primeiro gole é acre
como essas lágrimas ácidas
que agora me ardem na face
mas bem no canto dos lábios
persiste um lamento doce
A Saudade é uma dor que é como se não fosse...

Lidiane Santana, do livro MÁCULA, Clube dos autores 2011.
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3 comentários:

  1. Lidiane, eu gostei. Mas vou ler dinovo que não sei porque gostei!!!

    Hahaha

    bjos

    O Não Sabido

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  2. Café servido por fantasmas.

    Sou suspeito porque gosto da temática.

    Escrve sobre sapatos abandonados Lidiane.

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  3. Curtir uma fossa...

    É... às vezes sentimos prazer em nos penalizar. Principalmente quando lembramos de bons momentos que sabemos que nunca se repetirão.

    E a forma como você aborda o tema, desse seu jeito feminino mas nada frágil, cria uma poesia que na mão de outro seria lugar comum, mas na sua, é magistral!

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