sábado, 30 de maio de 2009

O Poeta e o Sapateiro de Palhaço


"A sociedade espera, e tem razão para esperar, que cada um desempenhe o mais perfeitamente possível o papel que lhe coube; assim, um homem que seja sacerdote deve em todas as ocasiões desempenhar impecavelmente o papel de sacerdote. A sociedade exige-o por uma espécie de segurança: todos devem permanecer no seu posto, aqui um sapateiro, além um poeta. Não se espera que ninguém seja ambas as coisas [...], isso seria "esquisito". Um homem desses seria "diferente" dos outros, não mereceria confiança. No mundo das letras seria um diletante; em política, uma grandeza "imprevisível"; em religião um livre-pensador. Em suma, seria suspeito de incompetência e inconstância, pois a sociedade está convencida de que só um sapateiro que não seja poeta poderá fazer sapatos bem acabados."


Penso que escrever é um ofício árduo e duro como fazer um sapato. E sei que um sapateiro vale tanto para a sociedade quanto um poeta. Porém, ambos padecem do mesmo mal: A sociedade. Hoje, escrevo de Franca, terra do calçado e amanhã escreverei de um lugar qualquer que não me importa pensar... Penso apenas que escrever é um ofício alto e puro como fazer um sapato.

UM SAPATO DE PALHAÇO!


Fragmentos Junguianos...

Para meu irmão, um sapateiro e de seu irmão, um poeta. Irmãos para além da metáfora.

Chris Clown Oliveira

Sobre Provérbios e sapateiros.

O big-bang



Por que escrever poesia em tempos de penúria? Talvez esta pergunta já tenha sido respondida por pessoas mais competentes que a minha pessoa. Mas, penso que por vivermos um tempo em que o poético rima com patético, a poesia poderá nos por a salvo da barbárie em que vivemos e que usa o nome de civilização. A sociedade de consumo, a mais moderna forma de destruição do planeta, com seu caminho homicida e suicida, a devorar os recursos naturais como se fossem inesgotáveis, e no fim tudo que teremos serão mares poluídos e desertos.

A poesia por seu porte anárquico e sua imaterialidade traz a semente do caos. O caos é o mais primitivo dos deuses, criador e destruidor, temido pelos gregos clássicos, por imergir das águas barrentas e férteis em vida, por conter uma grande energia e potencial. A partir do caos se criaram universos.

Somente diante do nada é que podemos ser verdadeiramente nós mesmos.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

PROVÉRBIO e SAPATEIROS

ao poeta do século passado


"A PRESSA É INIMIGA DA POESIA"

por isso nós, companheiro, sapateiros da palavra
destes tempos somos desconhecidos

por isso nós, companheiro, Bandarras que somos
professamos a fé na loucura

e de que vale sermos antena da raça,
se é tempo de GPS, empreendedores e muros?

Este poema, dedicado ao poeta Edson Bueno de Camargo, num comentário a um texto do mesmo, serviu de inspiração para esse pequeno projeto.
Qual o lugar da poesia hoje, eu me pergunto. E qual não é o lugar da poesia? Sinto vontade de responder com outra pergunta. A ideia é termos aqui um espacinho para espinafrarmo-nos sem piedade, mas sem maldade ou pessoalidade... Para isso é necessário que todos os colaboradores comentem, mesmo que seja um tiquinho... e que venham as picuinhas!

Jorge de Barros