quarta-feira, 24 de junho de 2009

É Chato ser Chato por não Tirar os Sapatos

Dizem que sou chato, eu admito: Sou. Mas só é chato quem gosta de o ser ou gosta de vc.




Me mandaram se calar.
Me mandaram se deter.
Me mandaram se danar.
Me mandaram se foder.

Enquanto eu vinha andando,
Ano após ano,
Pela estrada da vida
Vivida a duras penas.
Escrevi um poema,
Um lema que não gostei,
Deitei no chão, deitei.



E quando me levantei
A dor não veio...
O silêncio não veio...
Não veio o fim...
E a vida ainda toma conta de mim.


Chutei o balde,
Mas meu sapato escapou.
Chutei o balde,
Mas meu chinelo quebrou.
Chutei o balde,
Mas meu solado ralou.
Chutei o balde ou o balde me chutou?
Armei um barraco.
Mudei de nome.
Pisei no asfalto
Com o sapato
De um amigo meu,
De qual sapataria?
De qual sapateiro?
De qual alegria?
Que pela noite não veio...

Hoje estou triste!
Como quem quer morrer...
Amanhã já não sei.

Tudo é como um verso sem ritmo que se desconecta do poema e se atira na cova rasa dos seus medos aparentes.
Ando meio down,
Nado meio Out,
Vivo meio mal,
E passo em meio a arte.
Como um monstro
Que desejou saber
E agora está sendo crucificado por isto.

Tirem meus sapatos no meu enterro
E me enterrem de pé.
Quero sentir meus pés no chão eternamente.

Uma síncope se estende por uma nota dissonante que abala toda a canção do eterno exílio que criei pra mim.
Viva!
Chegou meu fim.
Atrasado como um trem
Para uma terra
Quem nem
é aqui
Nem
é aí
Nem
é de mim...

Agora vou dormir e partir.
Amanhã será outro dia para se morrer novamente.

Chris Clown Oliveira
*Imagem do Líder Apache Chato Mescalero

3 comentários:

  1. Um poema para ser cantado.

    Um dia ouvi dizer que a linguagem do poema é mais próxima da oralidade que a prosa, daí suas regras mais flexíveis de ortografia e gramática. Este poema é um bom exemplo disso. As repetições são repetições que ocorrem na fala.

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  2. É esse o Clown que conheço e aplaudo!
    Concordo com D. Edson quando à oralidade. E destaco essa imagem:

    "Tirem meus sapatos no meu enterro
    E me enterrem de pé.
    Quero sentir meus pés no chão eternamente."

    Pra mim, já é uma poema!

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  3. Pés na terra, cabeça no céu.

    Cresci assim e nunca virei adulto.

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