quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Aspiração e renúncia

Tantas vezes
sentir o vento soprar sobre o rosto
e ver a intensidade de afeto
que a presença de uma pessoa agradável
pode provocar


Sentir inquietude
quando um olhar vago de autenticidade
só enxerga ausência das coisas que o cerca
isso se fez meu anseio
por que real é a ausência...

Guerra jamais será algo passageiro
maldade é o manifesto eloqüente da ignorância
situações que levam pessoas à ter fome
doenças que varrem o mundo
jamais será apenas a incompetência de nossos governantes

As leis secretas da existência
sem a idéia de sublimação
sempre permanecerá ocultas...

Quando criança
o vento soprava sobre meus cabelos
e a idéia de uma ordem que em tudo que existe
era um fato
pois havia algo em que acreditava
com apenas a certeza de um olhar

Beleza é o que guardamos no fundo,
verdade
é a experiência diretas das coisas
que a vida prática insiste em desviar de nossos olhos
sobre as coisas que nos cercam...

A presença de alguém
que com afeto pronunciamos
jamais será apenas
uma massa física controlada por instintos, desejos, vontades,
um corpo que desgastado, emerge num sono profundo,
talvez seja uma luz que se apaga,
mas possa ser uma semente que futuramente nascerá...

E inquietudes sufocadas
possam surgir com mais intensidade
incredulidades possam ser descartadas
na certeza de que a vida não é um deslize
há uma grande necessidade
de se refletir sobre a causa de estarmos vivos
e questionar para onde direcionamos nossos sonhos

E a idéia de liberdade autêntica
possa ser compreendida
para que se possa admirar mais a beleza de um sorriso
quando uma criança sente a alegria
pois talvez seja isso um fragmento de felicidade
uma possibilidade de amplitude
pois real é a ausência
a ausência de tudo...

Ou o mundo se tornou estéril para a verdadeira causa da existência.

7 comentários:

  1. Estéril para a criatividade. mas a poesia está ai para negá-los.

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  2. Não cabe só a poesia, pois me refiro a uma causa existencial. Se escreve poesia em qualquer circunstância.Mas será que um sentimento de indignação sempre é aceitável? Será que dizer dos que não se interagem com o meio literário, e seus costumes e suas atitudes e julgá-los meramente sem nivel de ser o suficiente para compreender a mensagem ( se é que há...) É correto? Aceitar, ou apenas justificar, apontar com meras sintaxes, palavras o processo de involução que a raça humana vive nos tempos atuais não leva a nada, pois não cria um processo filosofal que venha luzir.(Desculpe se este post seja utópico ou absurdo, mas este é um dos textos meus que aborda este tema, sem o pretexto de apontar pensamentos filosóficos apenas por erudição ou frases expoentes, o termo estéril em que uso fica muito claro por este olhar...) A felicidade existe, e germina nas coisas simples, pena que são poucos que aproveitam com sabedoria desta observação da natureza com infinita sinceridade...

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Cara, muito bom a sua aporrinhação verborrágica, acho sua indignação tão bonita.
    Tão bem acaba. Com versos conduzidos com sublimes composições estéticas. Sua indignação não violenta, me alimenta. E isto, não é bom. Queria me inocmodar com você, mas fico "feliz" em saber que há poetas como você no mundo para fazer as coisas ficarem mais bonitas.

    Sinceramente, Ederson, não saquei qual é a sua; mas acho que é coisa de reverendo o que escreveu acima.

    Abço Chris "O Enclausurado"

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  5. "Ou o mundo se tornou estéril para a verdadeira causa da existência. "

    Para maiores esclarecimentos, o post, "Estéril para a criatividade. Mas a poesia está ai para negá-los." se refere ao último verso do poema, complementando-o, não se refere ao poema como um todo.

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  6. Tudo o que é "utópico e absurdo" torna-se absolutamente necessário.

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  7. É Edson, de fato esterilizam a criatividade de forma a extinguí-la a todo custo, mas sempre há um algo mais...

    "Pra que viver como se fosse um cão
    Apego-me à magia.É uma salvação.
    Pela força do espírito e vigor do verbo
    as forças naturais, secretas, exacerbo
    que com esforço cruel tento eu mostrar
    sem nunca conseguir a Verdade alcançar
    por fim, conheço hoje o que em todo mundo
    existe de mais íntimo e mais profundo
    forças criadoras, forças embrionárias
    que não se pode descrever por palavras tão tumultuárias..." O Fausto , Goethe.

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