segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Sarau da Taba - Sábado a partir das 15h00 – 04/12/2010
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
“Sapatos”, poema de Charles Bukowski
quando voce é jovem
um par
de sapatos
saltos altos
femininos
apenas
sentados
bem
perto
ao teu lado
sozinhos
podem
incendiar
seus
ossos;
quando voce é velho
eles são
somente
um par
de sapatos
vazios
e
é
isso.
Fonte: http://www.literaturaemfoco.com/?p=3148
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Blogagem Coletiva - Dia de Amar Seu Corpo 2010 - 20/10/2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Vermelha
a tarde cai
abrupta
e vermelha
nos subterrâneos
e nos subúrbios
em seus muros
necromantes desajeitados
geram um mundo deformado
exercício de criação 5 - Gambiarra Literária
http://gambiarraliteraria.blogspot.com/2010/09/exercicio-de-criacao-5.html
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Babel
terça-feira, 31 de agosto de 2010
sombrinha de doze varas
1
sombrinha de doze varas
sobre o pano
dormem quinquilharias
“compra senhoro”
a mulher tem cabelos brancos
e sotaque romani
a cigana insiste
guarda-chuva chinês de muitas cores
buquês de flores
transbordam cores na seda falsa
(está caro
penso
não compro)
“faz mais barato
paga diferença depois”
já não ouço mais
minha mente já está longe
rouba o cinza do céu
e dos olhos que me fitam
uma certa indiferença
2
a árvore morta
serve de moldura
a fotografia que não tiro
(esta será só com os olhos)
pequenos pássaros
na distância parecem pretos
hoje o dia está com pouca luz
3
flores de dente de leão
pedem o sol
que a tarde nos nega
sua cor destoa
do que nossos olhos esperam
4
a mangueira
tem tantas flores
que lhe pedem os galhos
não sabe a planta
não estar em um vale
ensolarado do Ghanges ou do Indo
faz o papel ambíguo
de florescer neste planalto frio
a guardar o silêncio do horizonte esbranquiçado
5
nada muda o que sinto
a tarde só fala o que está dentro de mim
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Cora Coralina > Sapato velho
Jogado fora.
Fica sempre carcomido.
Ressecado, embodocado,
Saliente por cima dos monturos.
Quanto tempo!
Que de chuva, que de sol,
Que de esforço, constante, invisível,
Material, atuante,
Silencioso, dia e noite,
Precisará um calçado, no lixo,
Para se decompor absolutamente,
Se desintegrar quimicamente
Em transformações de humo criador?
CORALINA, Cora. Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. São Paulo: Círculo do Livro, p. 67.
terça-feira, 27 de julho de 2010
Ziquizira ( ou Professor.)
sábado, 17 de julho de 2010
dragão
e toda profecia
que lhe saía das mãos
era uma sentença torta
epístolas postas na mesa
sem direito e direção
era festa na aldeia
ou se assemelhava
algo que voava
entre fitas lilases
e milagres de vinho e pão
e todo vento
que me chegava
era embriagado
estopa embebida em vinagre
deuses bentos em oração
e sob luz de candeias e voltas
toda a reza tinha um certo destino
olhares de menina triste
rosas verdes no parapeito
e medo de assombração
naquela noite não dormi direito
São Jorge não era meu amigo ainda
olhava-me firme junto à janela
com o cavalo empinando
e debaixo mais condescendente
com todos os seus dentes
ria de mim o dragão
terça-feira, 13 de julho de 2010
parafraseando Drummond:
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Contrato.
quando me deram de comer
compraram com isso minh’alma
colocaram no fundo do prato
um contrato sem que me apercebesse
e quanto mais me fartasse
quanto maior a abundante mesa
mais partes de mim se levavam
não me sinto mais eu mesmo
há um vazio que me preenche por dentro
não há tormento,
nem angustia
só um vazio que me permeia a pele
como se esta fosse invisível
como se não fosse mais possível.
Poema publicado no livro "Poemas Do Século Passado-1982-2000", edição de autor, Mauá, SP - 2002 e Livro da Tribo (Agenda Poética) 2004-2005 – Editora da Tribo – São Paulo-SP.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Apartheid em Mauá - SP - Brasil
domingo, 4 de julho de 2010
Antropofagia
pensar que nada!
dizer é questão de sentir
vida passa
é ritmia
pandemia
do ir e vir
e eu que queria
ficar estático
e observar
este devir
dogmático
antropofágico
que devora meu sentir
para muito além
o artista-poeta
com suor lapida vida
para não se mentir
Ederson Rocha
quinta-feira, 1 de julho de 2010
esquizofrenia
dou passos ao acaso
e como diz o poeta Antonio Machado
a estrada se cria sob meus pés
sempre quis ser um artista plástico
o poeta entrou em minha vida de contrabando
junto o músico que menosprezei
o poeta é o mais persistente
dos sintomas
de minha esquizofrenia
quarta-feira, 30 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Entregar bêbados.
entregar bêbados,
eis uma ingrata tarefa
enfrentar mães e esposas enfurecidas
sempre
por alguma razão desconhecida
o amigo sóbrio que devolve o bêbado
é sempre a má companhia
que o conduz a bebida
joelhos ralados
roupa salpicada de vômito
cheiro de urina nas calças
palavras balbuciadas e desconexas
realmente,
é desagradável receber um destes pacotes
(Este poema é parte de meu livro inédito "index animi" que provavelmente nunca será publicado)
segunda-feira, 14 de junho de 2010
o preparo ( o último chá )
camisas e lençóis brancos no varal
o chão e casa impecavelmente limpos
as coisas ordeiramente arranjadas
na sala e nos quartos
o jardim bem cuidado
a grama cortada
um quarto cuidadosamente trancado
tudo no exato lugar
desde o dia da morte do único filho
na cozinha
a velhinha prepara um bolo
farinha, leite, ovos, cacau e açúcar
sentado na poltrona
esperando o chá
o marido lê o último jornal
saindo do formo
aroma de chocolate
no preparo
da água fervendo no fogão
coloca com toda a delicadeza
duas colheres de raticida
(Este poema é parte de meu livro inédito "index animi" que provavelmente nunca será publicado)
quarta-feira, 2 de junho de 2010
conhecer (ou anzol)
Manifesto pela Cultura Viva
Para saber mais: http://www.culturaviva.org.br/
>> Clique aqui para assinar
O manifesto
Cidadania Cultural como direito de todos!
Vamos todos juntos, unidos, abraçar esta causa!
>> Clique aqui para assinar
segunda-feira, 31 de maio de 2010
É o líbelo da covardia, nações armadas contra civis desarmados.
a covardia tem pés bem calçados
coturnos com solas de aço
metal contra bolas de gude
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Babel
– prisões de alto-padrão
que detém a classe média atrás das grades
para sua própria proteção –
Ali
crianças trocam a várzea
por quadras de cimento batido
casais entrelaçados
ronronam baixas gemidos
“Não faço barulho
as paredes têm ouvidos!”
E enquanto o espetáculo da via alheia passa
na vidraça da torre em frente
toda gente
empilhada
amontoada
busca sua individualidade
luta por privacidade
mantendo-se o mais distante possível
com “ois” desanimados no corredor
com “silêncios” intermináveis no elevador
nessa Babel hodierna
onde cada pessoa fala uma língua
sem a mínima vontade
de fazer entender
domingo, 23 de maio de 2010
Pedra
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Somos Sapatos?
André Camargo
"Na Vida Somos como Sapatos...
Começamos jovens, belos, fortes, sem sujeiras...
Mas machucamos os calcanhares, tropeçamos, não temosm formas próprias e muito menos caracteristicas unicas...
Assim como os sapatos com o passar do tempo, mudamos, vamos nos moldando aos pés da vida...
Até que um dia já velhos, não estamos tão bonitos e nem fortes...
Mas temos experiencia, conhecemos os buracos, temos forma e caracteristicas próprias!!!
Enfim um dia assim como os sapatos somos rasgamos, furamos, ou de tão poidos somos jogados fora...
Porem Deixamos pegadas por onde passamos..."
http://opsicofago.blogspot.com/2010/05/somos-sapatos.html
terça-feira, 11 de maio de 2010
“sonho com serpentes”
segunda-feira, 26 de abril de 2010
domingo, 18 de abril de 2010
Zabé da Loca
sexta-feira, 16 de abril de 2010
timoneira de naufrágios
terça-feira, 6 de abril de 2010
geografia perfeita para insetos
sexta-feira, 2 de abril de 2010
a fome
recobrou o olho
e este tinha fome
a fome insaciável dos olhos
e o olho cobrou a fome
desde os tempos imemoriais da fome
o quanto dar de comer ao olho
se este não se sacia
quanto de velhas fotografias
tanto de livros amarelos
jornais dobrados até se tornarem quebradiços
cartas de amor não correspondido
e flores e frutos secos guardados em gavetas
quanto de moedas antigas
de quinquilharias
a fome voraz de papéis velhos
e dedos envelhecidos
óculos para miopia
de tantos e todos tempos e temperos
que calaram em renascimentos
e ai se destilou o dia
com a luz coada
de olhares furtivos pela janela
e seus vidros ensebados e turvos
cor que se esmaecia
terça-feira, 30 de março de 2010
Crônica
“Esta sarna de escrever, quando pega aos cinqüenta anos, não despega mais.Na mocidade é possível curar-se um homem dela;”
Machado de Assis
Escrivaninha
Escrever é a coisa que mais me agrada entre todas as coisas. E por inúmeras razões. Uma delas é pela disponibilidade – que não leiam ‘facilidade’, escrever dá um trabalho do cão! – Bem, digo disponibilidade, pois não é preciso de grandes instrumentos ou lugares apropriados para esse nobre intento, que para mim é de um deleite indescritível. Tampouco preciso de um horário certo para exercê-lo. Acontece às vezes, da inspiração vir agitar-me na hora de dormir. Acendo a luz, debruço-me na cama mesmo e escrevo. Ou, então, se há perto algum aparelhinho mais moderno, digito ou gravo algumas idéias. Escrevo comodamente na sala, na cozinha ou em qualquer espaço da casa. Escrevo caminhando pela rua, no ônibus, no metrô e no carro, quando calam a boca (se não calam, escrevo mesmo assim). E nem preciso de um silêncio sepulcral, esboço meus escritos entre algazarras e música alta, tamanha minha vontade. Tanto na santa sobriedade, quanto depois de umas doses de vinho e garrafas de cerveja; na ressaca matutina de domingo ou segunda-feira enquanto espero o elevador.
Quando tenho centenas de ocupações, se há cinco minutos para respirar, lá estou escrevendo. Se estou triste, se estou alegre: escrevo. Se estou com raiva – aí é que eu escrevo! Não que o mundo literário seja um mero divã, tenho todo amor pelas letras, pelas construções, e recursos infindáveis dessa língua tão bela que é a nossa. Mas todo impulso, ainda que piegas, é um impulso. Até doente eu escrevo. Não há resfriado que me derrube de cama por vários dias que me impeça de escrever. Uma vez que eu possa mover as mãos...e, fosse o caso escreveria com os pés.
Quem sabe, a razão disso seja porque não é preciso grande disposição e esforço físico para fazê-lo. Fato que, aliás, não me deixa aceitar que a dança, como arte, seja classificada antes da literatura. Que a dança é uma arte sem tamanho, responsável por caracterizar a cultura dos povos é justo. Mas ouso dizer, ainda assim, que a literatura deveria vir antes. Em seu devido lugar, logo depois da música – primeira arte sem qualquer objeção da minha parte, pois o próprio som, cadência, graciosidade e valor das palavras descendem dela. Mas quanto às tintas, esculturas e os holofotes. O que são e o que mostram, se não poesia em outras dimensões? Literatura está em tudo, ou mesmo no nada. Pois se a apatia me aflige, e vem uma falta de assunto, escrevo sobre o tédio (vide Spleen, o mal do século) e este consolo nunca me faltará – o de escrever. A exemplo disso, o próprio Manuel Bandeira dizia que Rubem Braga era sempre bom escritor, mas “quando não tem assunto, então, é ótimo”
E se no fim de um dia sacal, de rotina estafante, no caminho de volta para casa, um ruído, um passante, uma flor silvestre ou um gato vadio atravessam meu caminho e daquilo brota algumas linhas em prosa ou um verso qualquer, bom ou ruim, que nem sei se ou publicar...olho para aquilo e por um instante esqueço as prostrações e o cansaço e ganho fôlego pra mais um dia. Isto me faz pensar que, se não posso mudar esse mundo todo errado, do jeito que quero e instantaneamente, ao menos posso dar aos meus escritos a forma, o tom, a cor e o tema que eu quiser. E alcançar, ao menos assim, o ideal eleito. Pois esses traços no papel são o que mais me diz respeito, como uma parte de mim em eterna construção.
Lidiane Santana