sexta-feira, 26 de março de 2010

teias de aranha




Edson Bueno de Camargo

1

o ar aroma de baunilha
a casa em descanso
como se a faina do dia
constituí-se de miúdas pedras

e em cada cristal
pétalas de flores
luz branca
que nos cobre
lençol de nuvens baixas
e murmúrios


2

pássaro envolto em gravidade
(que engana)
com pena de chumbo
e convertidas em falso ouro

não voa
não trina
apenas treme de frio em um pires
expulso dos ninhos

bica os amarelos do mundo
(a seus pés)
farelos de gente ausente
(em pânico)


3

tudo bem dependurado nas árvores
em anárquica harmonia
teias de aranha
de grande arco de tempo
vergados móbiles ao dobre do ar

no fio oculto da urdidura
cose nosso destino (às cegas)

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