Cecília Camargo.
ter pés como sapatos
trilhar o infinito
despojado
livre
para quê o couro luzidio
se lhe ata a terra
sola grossa
de insensibilidade
melhor as bolhas
da percepção
lucidez dolorosa
o parto
prescinde de sapatos
explosão de vida
o amor
dispensa os sapatos
entrega
a morte
não pede sapatos
única certeza
há palavras como sapatos
apertam
ferem
mutilam
por sorte
como pés
há palavras-poesias
estas te levam
à liberdade
Parabéns, Cecília.
ResponderExcluirPenso que devíamos andar descalços, sentir a terra na carne, comungar homem e terra num primitivismo, ingênuo e puro. Pura poesia. Mas por que não sonhar?!
Abraços amigos.
Quando tínhamos os pés no chão, comungávamos mais com nós mesmos.
ResponderExcluirAcho que para os pés, não há palavras.
ResponderExcluirA poesia é o silêncio incomodado pelos grãos de terra que ele espalha.
Que texto sensacional, Cecília.
Bjos
Chris "O Entorpecido"