São cem gramas de poeira
Sufocando o meu pisar
Nesta terra sem fronteira
Neste choro sem seu mar
Eu pisava
Eu sentia o meu pé se condensar
(Não aquele do sapato
Mas aquele sem seu lar)
Eu sentia uma angústia que arrepia na tristeza e na alegria e na hora que partia
Eu sentia a apatia que se ia, que se ria, que não via que perdia
Onde foi parar o outro par deste par sem par
Este ímpar par que não se acomoda
Este sapato está fora de moda
Mas e o outro que pelado está?
O que é que há?
Fui-me embora
Sou um reflexo que não se vê
Sou minha aversão
O cúmulo da contradição de se contradizer sem ao menos ser o palhaço que quero ver
Um sorriso íncolume
Ousou o condenar a força bruta
Dos olhares tenebrosos
Da dor alheia
Sou a foice que centeia
A vida além da morte
Mas meu pé toca no chão
Um que diz que sim
E outro que diz que não
Chris Clown Oliveira
Diário do Grande ABC - 12/09/2014
Há 10 anos
Os últimos três versos fecham perfeitamente o poema.
ResponderExcluirEu gostei bastantíssimo dos quatro primeiros... e interessante como ele mergulha na métrica, mas depois se desvencilha dela.
ResponderExcluirÉ o que gostaria que algumas pessoas entendessem, podemos usar qualquer recurso na poesia, e podemos não usar também. Desde que tudo se enquadre em um projeto, desde que cada letra seja de propósito.
ResponderExcluirDá um trabalho danado ser espontâneo.