quarta-feira, 1 de julho de 2009

PEQUENA ENCICLOPÉDIA DE POETAS SAPATEIROS

BANDARRA
António Gonçalves Annes Bandarra (1500 - 1556), mais conhecido por Bandarra, foi um profeta popular, natural de Trancoso, Portugal
Era sapateiro de profissão e dedicou-se à divulgação em verso de profecias de cariz messiânico. Tinha um bom conhecimento das Escrituras do Antigo , do qual fazia as suas próprias interpretações. Por causa disso, foi acusado pela de judaísmo e as suas trovas foram incluídas no Catálogo de Livros Proibidos, já que suscitaram interesse sobretudo entre cristãos-novos. Foi inquirido perante este tribunal, sendo ilibado, mas foi obrigado a participar na procissão do auto-de-fé de 1541 e também a nunca mais interpretar a Bíblia ou escrever sobre assuntos da Teologia.
A sua obra chamou-se Paráfrase e Concordância de Algumas Profecias de Bandarra e foi editado por D. João de Castro. A obra foi interpretada como uma profecia ao regresso do Rei D. Sebastião após o seu desaparecimento na Batalha de Alcácer-Quibir em Agosto de 1578. Em 1815 é editada uma nova edição com o título Trovas Inéditas do Bandarra e entre 1822 e 1823 sai mais uma edição com o título Verdade e Complemento das Profecias . As Trovas do Bandarra influenciaram o pensamento sebastianista e messiânico de Padre António Vieira e de Fernando . São três os pontos da profética de Bandarra: o Quinto Império, a ida e regresso de el-rei D. Sebastião e os destinos de Portugal.
Após ter sido julgado pelo Tribunal do Santo Ofício, em 1541, e do qual recebeu pena leve, retornou a Trancoso onde veio a falecer em 1556.
Fonte: wikipedia

Sonhava, anónimo e disperso,
O Império por Deus mesmo visto,
Confuso como o Universo
E plebeu como Jesus Cristo.
Não foi nem santo nem herói,
Mas Deus sagrou com Seu sinal
Este, cujo coração foi
Não português, mas Portugal.

Fernando Pessoa, sobre o Bandarra

SAPATEIRO SILVA
Joaquim José da Silva viveu no Rio de Janeiro em fins do século XVIII e meados do XIX.
Escreveu sobre o cotidiano e os homens comuns, mesclando linguagem prosaica a tópicas e estilos clássicos, distinguindo-se, assim, dos literatos conhecidos como árcades de sua época.
http://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/Sapateiro/index.htm
Eu queria, mas eu tenho vergonha
De dar e conhecer a minha tolice;
Deixamos de fazer a parvoíce,
Que havia de feder mais do que a peçonha.

Mas que importa que outro se me oponha
Por querer ser pateta, ou ser felice,
Se comigo assentei por fontorrice
Ser hoje o grande Duque de Borgonha?

Já contente no meu gaudério estado
Tenho fardas, palácios, e dinheiro:
Já não peço a ninguém nada emprestado.

Porém leve o diabo o meu roteiro,
Que apesar das farófias do Ducado,
Todos me lêem nas costas - sapateiro.
Sapateiro Silva

LAMBE-SOLA
Antonio Aurélio de Morais (Lambe-Sola ou Mestre Tonho Lambe-Sola ou Pé Quebrado)
Nasceu em Atalaia, mas passou grande parte de sua vida em Viçosa, onde aprendeu e exerceu a profissão de sapateiro. Apenas aos 45 anos de idade é que iniciou sua alfabetização, percorrendo de cartilhas do ABC a gramáticas e dicionários renomados, como o Dicionário Aurélio. Do aprendizado passou para a composição de poemas, chegando a escrever um livro “Versos de um Lambe-Sola”, que já está na terceira edição. Sua trajetória foi registrada no documentário "O Lambe-Sola".
Mais detalhes: http://petreafelix.blogspot.com/2007/10/versos-do-poeta-sapateiro.html

Profissão Ingrata

Trabáio a mai de trintano
Na arte di sapatêro
Nunca consegui dinhêro
Argum

Trabáio às vêis in jinjum
Di manhã inté mêio-dia
Passando tôda gunia
Di fome...
Lambe-Sola
SENHORES SAPATEIROS, SERÁ QUE CONSEGUIMOS ACHAR MAIS ALGUNS? CRISTIANO AÍ EM FRANCA PODERIA ENCONTRAR ALGUM...
ABRAÇOS!

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