és como foi minha avozinha
lenço amarrado na cabeça 
olhos grandes de olhar comprido
destes que devoram tudo com carinho
e cuidado 
gente de granito e pés suaves
mesmo para trilha de pedras 
muheres com dobras e rugas
quase uma centena de anos cansados
rostos com sombras
 e o dedo com o osso apontado
mulheres de parar o vento com o silêncio
e mover pedras com o sussurrar
constroem casas com barro
cacimbas no seco 
donas da terra e da água 
e  aproximam o ventre do ar
senhoras que vestem o mundo
e tecem com os panos
e fiam o algodão das nuvens
ai que os anjos esfarrapados da caatinga
os anjos vaqueiros e pascentadores de bodes
os anjos moleques a tramar travessuras
os anjos de todas as partes e os afogados 
e o louco poeta na margem da metrôpole
todos param para ouvir
um pedaço de cana soar as trombetas do céu