Acabei de fazer a leitura completa do livro " Teatro empírico da Outra Margem do Rio", onde o autor, Caio Evangelista, discorre de forma autobiográfica, sua trajetória no teatro, que coincide e se confunde em muito com a história do teatro em minha cidade, Mauá-SP.
Em muito momentos me diverti na leitura por estar de certa forma envolvido nos acontecimentos, tanto como protagonista, como antagonista, e muitas vezes como mero expectador dos fazeres da Cultura.
Confesso que as partes que gosto mais é quando o autor mergulha em sua infância, assim como mergulhou no Velho Chico e este quase o levou.
Das águas que sobraram em suas tripas, tece o que de fato é memorável na vida, as histórias de sua Vó Redonda, pisando paçoca de pilão, que me deixou aguado até agora de vontade de comer desta paçoca com uma café bem forte. De ver a velhinha pitando no borralho, como fazia a madrinha de meu pai. Igual como todas as avós negras e índias deste Brasil afora.
Das suas traquinagens de menino, e de quanto estas raízes matutas lhe ensinaram sobre a modernidade do teatro. Se fosse Caio fazia de escrever sobre este menino cheio d'água, de pés de barro, feito um personagem africano de Mia Couto. Como vivido em um conto de Guimarães Rosa, sair em uma canoa ria acima e rio abaixo. Vingar-se da represa que abarcou e engoliu sua casa de nascença.