A  partir de quando olhar um espelho passou a ser um castigo? Podemos  dizer que a partir do momento que a mulher (ou sua imagem) passou a ser  uma mercadoria, este martírio começou. Ora, temos um tratado de  filosofia partindo do alemão Kant, que nos afirma que o ser humano não  pode ser uma mercadoria porque é dotado de dignidade. Ao preço de uma  imagem falsa de beleza, vende-se esta dignidade. Troca-se a emancipação  pela submissão. 
Dignidade,  talvez esteja nela a raiz do problema, pessoas sem dignidade se  submetem aos caprichos do capitalismo, do poder, e ou do falso desejo. A  sociedade de consumo substitui com requintes, a opressão religiosa  perpetrada contra a mulher pelas religiões monoteístas; os pilares do  pensamento ocidental. O reducionismo e a focalização do sexo, a  supressão do orgasmo como fonte de prazer,  a deformação estética do  corpo, a criação de factóides via propaganda direta e ou indireta,  através de merchandising nas novelas e blockbusters, minam a resistência  crítica de qualquer uma. Já dizia Goebbels, uma mentira repetida a  exaustão se torna verdade corrente.  A revista Vogue, os canais  tele-evangélicos, a mídia burguesa, são o Martelo das Bruxas de nosso  tempo, e a determinação de biótipos é a indelével tortura, uma que  penetra na alma antes mesmo do corpo.  Os carrascos somos nós mesmos,  eivados de uma mentira. 
A  sociedade paternalista impede o crescimento espiritual e físico da   humanidade. Será a mulher nossa redentora? Sim, o dia em que a mulher se   emancipar completamente, não tenho sombra de dúvida, que a humanidade   ascenderá para um patamar de desenvolvimento maior.
Hoje  é dia da mulher se olhar como realmente é, e como realmente deve ser,  uma criatura amada e querida, não parte da mobília, ou um  eletrodoméstico que realiza todas as tarefas. Amemos nosso corpo como  ele é, a perfeição é um estado de espírito. amemos o espelho porque ele é  nossa real imagem. 

