segunda-feira, 31 de maio de 2010

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Babel

Marcos Roberto Moreira 27/05/2010



A cidade verticalizada

arranha a boca do céu com seus edifícios
– prisões de alto-padrão
que detém a classe média atrás das grades
para sua própria proteção –

Ali
crianças trocam a várzea
por quadras de cimento batido

casais entrelaçados
ronronam baixas gemidos
“Não faço barulho
as paredes têm ouvidos!”

E enquanto o espetáculo da via alheia passa
na vidraça da torre em frente
toda gente

empilhada

amontoada

busca sua individualidade
luta por privacidade
mantendo-se o mais distante possível

com “ois” desanimados no corredor
com “silêncios” intermináveis no elevador

nessa Babel hodierna
onde cada pessoa fala uma língua
sem a mínima vontade
de fazer entender



domingo, 23 de maio de 2010

Pedra



"Deus de vez em quando me castiga. Me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra."[Adélia Prado]

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Somos Sapatos?


André Camargo

 


"Na Vida Somos como Sapatos...




Começamos jovens, belos, fortes, sem sujeiras...



Mas machucamos os calcanhares, tropeçamos, não temosm formas próprias e muito menos caracteristicas unicas...



Assim como os sapatos com o passar do tempo, mudamos, vamos nos moldando aos pés da vida...



Até que um dia já velhos, não estamos tão bonitos e nem fortes...



Mas temos experiencia, conhecemos os buracos, temos forma e caracteristicas próprias!!!



Enfim um dia assim como os sapatos somos rasgamos, furamos, ou de tão poidos somos jogados fora...



Porem Deixamos pegadas por onde passamos..." 


http://opsicofago.blogspot.com/2010/05/somos-sapatos.html

terça-feira, 11 de maio de 2010

“sonho com serpentes”


M. C. Escher


Edson Bueno de Camargo

“Sueño con serpientes, con serpientes de mar,
con cierto mar, ay, de serpientes sueño yo.”
(Silvio Rodríguez)


que se envolvem entre si
em carne viva
em exposição
em expiação sangrenta

ninho coleante
e viscoso
gangrena dos ossos
vulcão orgânico e pestilento
de ovos
de larvas
de morte lenta adiada

tenho muitos olhos
tenho muitas bocas
e muitas línguas todas bífidas
o cheiro do medo buscam

sonho que estou vivo
(quando morto)
e andando
não caminho um metro sequer
sufoco em líquido
e meus movimentos são pulmões afogados
me afundam na areia movediça
nada me conduz
sob este céu insano

falo o som das escamas
dos estalidos de pequenos ossos
e palavras
com o fogo feroz
dos olhos animais acuados
fogos fátuos
e versos metálicos da palavra réptil

“sonho com serpentes”
e estas me devoram os olhos